terça-feira, 28 de fevereiro de 2012



PROJETO ORIENTAÇÃO VOCACIONAL


Psicologia é uma  carreira que desperta muito interesse para os alunos do Ensino Médio.

Algumas informações adicionais.


03/01/2012 06h30 - Atualizado em 03/01/2012 18h56
Guia de carreiras: psicologia
Mercado de trabalho não está mais restrito aos consultórios particulares.
Profissão exige amadurecimento pessoal.
Vanessa FajardoDo G1, em São Paulo
Mais do que estar habilitado emocionalmente para lidar com os problemas alheios, o psicólogo precisa estar preparado para enfrentar os próprios fantasmas. Longe de ser extinta, a profissão de lidar com os dramas e conflitos humanos, exige amadurecimento pessoal e gosto pelo estudo.
"O amadurecimento ocorre por meio de dois dispositivos importantes: o acompanhamento de um profissional mais experiente durante a formação e também com terapias para ajudar a compreender sua atuação", diz a psicóloga Tatiana Benevides Magalhães Braga.
Se o crescimento pessoal é importante, a formação técnica também é imprescindível para se obter registro junto ao Conselho Regional de Psicologia e conseguir atuar oficialmente. O curso superior traz disciplinas que vão desde estatística até psicanálise. A duração é de quatro anos para bacharelado ou cinco anos para obter diploma em licenciatura.
Diferente do que acontecia há alguns anos, o mercado de trabalho do psicólogo não está mais restrito aos consultórios particulares. Profissionais formados em psicologia podem atuar nas áreas de assistência social, saúde, educação, recursos humanos, entre outros. Como não há um piso salarial nem carga horária definida, é comum que os psicólogos conciliem mais de um emprego em diferentes setores.
Por ser uma área ligada ao cuidado com o outro, a profissão por muitos anos esteve associada ao universo feminino. "Isso está mudando. Na verdade há um preconceito como se o 'cuidado' estivesse relacionado apenas ao campo feminino. O homem também cuida. O fato é de que há muito mais homens entrando e se formando nas universidades do que antes", diz o psicólogo Allan Saffiotti.
Psiquiatra x psicólogo
Apesar de haver confusão entre as duas carreiras, Saffiotti lembra as diferença entre elas. Para ser psiquiatra é necessário se formar em medicina e fazer residência em psiquiatria. Por ser médico está habilitado a prescrever remédios, diferente do psicólogo, formado em psicologia.
A maneira de atuar também muda. "Enquanto o psiquiatra tende a ver a doença como uma questão orgânica que leva à medicação, o psicólogo vai tentar cuidar da pessoa por outro caminho, entendendo as causas dos problemas." As práticas, segundo o psicólogo, se complementam e não se opõem.
Saffioti trabalha em uma clínica pública de saúde mental, em São Paulo, e atende psicóticos e neuróticos graves. "A vantagem de ser trabalhar em um Caps é atuar junto com uma equipe multidisciplinar, você nunca está sozinho cuidando dos pacientes. O trabalho é ao mesmo tempo gratificante e desgastante. Você cuida de pacientes que estão em uma situação miserável, mas tem a possibilidade de vê-lo, ao longo do tempo, se estruturar na vida. Isso não tem preço.

PROJETO ORIENTAÇÃO VOCACIONAL

Segue, abaixo, retirado do Guia das Carreiras, portal G1, informações sobre a carreira de aviação civil.

 

28/02/2012 07h00 - Atualizado em 28/02/2012 07h00
Guia de carreiras: aviação civil
Curso superior tem vantagens em relação à formação dos aeroclubes.
Além de ser piloto, estudante pode atuar em áreas administrativas.
 
Vanessa FajardoDo G1, em São Paulo
Quem pretende se tornar piloto de avião tem dois caminhos: pode fazer um curso em algum aeroclube ou, ainda, optar por uma graduação de aviação civil oferecida por instituições de ensino reconhecidas pelo Ministério da Educação. Uma das vantagens de quem tem formação superior nesta área é que, segundo especialistas, na hora de contratar pilotos, as grandes companhias aéreas exigem menos horas de voo e estes ingressam mais rápido no mercado de trabalho do que os formados em aeroclubes.
Assista vídeo acima sobre a carreira de aviador civil.
Uma hora de voo pode custar até R$ 1.000 e toda a parte prática é realizada nos aeroclubes. As instituições de ensino costumam ter simuladores de voo, mas eles não são suficientes para o estudante cumprir a carga horária exigida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na formação de pilotos.
"Para a Anac, tanto o aeroclube como a universidade são escolas de aviação. Temos a mesma homologação dos aeroclubes. A grande diferença é que o aeroclube ensina somente aquilo que ocorre no voo e a universidade ensina também todas as áreas relacionadas, e proporciona um conhecimento amplo em relação à aviação", afirma Edson Luiz Gaspar, coordenador do curso de aviação civil da Universidade Anhembi Morumbi.

O conteúdo do curso de aviação civil inclui disciplinas relacionadas à física como aerodinâmica de voo, navegação, meteorologia e regulamento de tráfego aéreo. A duração é de três anos. A graduação também habilita o profissional a trabalhar em áreas administrativas como gestor de aeroportos ou de empresas aéreas.
"Na aviação há várias carreiras com diferentes atuações. Em uma companhia aérea, por exemplo, há pessoas que gerenciam a aeronave, a compra e a venda das passagens, elaboram a escala de voo, cuidam da saúde do piloto. Há uma equipe muito grande que permite que o piloto voe e atinja seu destino", diz Gaspar.
Por conta dessa ampla capacitação é comum, de acordo com o coordenador, muitos alunos ingressarem na aviação civil em cargos administrativos para bancar a parte prática do curso com as horas de voo e depois migrarem de área e se tornarem pilotos.
Apesar das vantagens, a graduação, no entanto, pode ser uma opção mais cara se comparada ao curso dos aeroclubes. Segundo Gaspar, a faculdade custa de R$ 120 mil a R$ 150 mil, incluindo as horas de voo, enquanto no aeroclube, o preço deve ficar em torno de R$ 100 mil.
Percurso para voar
Depois de passar por uma rígida bateria de exames médicos no Hospital da Aeronáutica, estudar a parte teórica, fazer 40 horas de voo e concluir o primeiro ano de faculdade, o estudante recebe o brevê (licença) para atuar como piloto privado, o que não permite que ele seja remunerado. A partir do segundo ano do curso, com nova série de exame e mais 40 horas de voo instrumental  e outras 70 horas de voo (noturno e diurno), o estudante adquire o brevê de piloto comercial e já pode trabalhar.
Carlos Kodel, de 37 anos, é piloto da Avianca Linhas Aéreas e se formou em aviação civil em 2003 pela Anhembi Morumbi. Para ele, a faculdade deu uma boa base para a progressão da carreira. "No curso você tem acesso a uma gama de matérias que te dão uma noção de 360 graus de tudo que ocorre a sua volta. Pilotos que têm curso superior de aviação levam vantagem e as empresas aéreas entenderam isso."

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PROJETO VOCACIONAL




Para conheceremos e  pensarmos a profissão de pedagogo, que hoje está muito desvalorizada, mas que tem muitos atrativos.


AÇÃO DE PEDAGOGO EXTRAPOLA SALA DE AULAAção de pedagogo extrapola sala de aulaEngana-se quem acha que lugar de pedagogo é só na sala de aula. Atualmente, além de atuar em escolas, o profissional pode trabalhar em empresas de recursos humanos, editoras e até em museus e jardins zoológicos. Isso mesmo. Ele pode chefiar a equipe de monitores desses locais, montar a programação e ajudar a produzir as explicações sobre cada item - vivo ou morto -do local. 

Contrariando a grande maioria que atua em escolas, a pedagoga Helena Quadros escolheu trabalhar com ambiente. Ainda na faculdade, na década de 80, ela começou a trabalhar no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (Pará), onde está até hoje, como coordenadora do núcleo de visitas.

Nas duas primeiras semanas deste mês, ela recebeu 5.000 estudantes no local. Mostrou para eles um pouco do acervo, que, além de plantas, tem animais, como onça, jacaré e cobras. "Adoro saber que estou ensinando as pessoas a preservar a natureza", diz ela. De tempos em tempos, Helena é convidada para falar sobre a importância da pedagogia fora da sala de aula em sua cidade. "Ainda é a minoria que opta por outras áreas, que são tão importantes quanto a educação escolar", diz.

Nos colégios, a área em que o pedagogo está mais presente é como professor de educação infantil e do primeiro ao quarto ano do ensino fundamental. Ele pode também trabalhar como coordenador pedagógico ou diretor da instituição.

Problemas

Segundo a pedagoga Silvia Colello, que dá aula de pedagogia na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, a profissão está desvalorizada. "Antes, ser padre, prefeito ou professor dava prestígio", diz ela. "Hoje, as pessoas não respeitam mais tanto o professor." Mas ela completa: "E é aí que está o bacana. É o desafio de se envolver em uma causa que vale a pena".

Silvia exemplifica a recompensa com casos de pedagogos que trabalham em hospitais com crianças que buscam a aprendizagem como forma de se agarrar à vida e outros que ensinam adultos analfabetos a ler. "O trabalho de educar traz muito retorno."

Na maioria das faculdades, o aluno é obrigado a cumprir cerca de 400 horas de estágio, que pode ser não-remunerado se feito em alguma escola pública, ou pago, se for em empresas ou escolas particulares.

Trabalho

O salário inicial de um pedagogo no ensino infantil é de aproximadamente R$ 660, por 22 horas semanais. Sobre o mercado de trabalho, a afirmação freqüente entre pedagogos é que existe um paradoxo na profissão. "A qualidade do ensino está muito precária no Brasil. Se houvesse salas de ensino infantil e fundamental com até 20 alunos, a educação seria melhor e haveria mais empregos, pois aumentaria o número de salas de aula", critica Selma Garrido Pimenta, pró-reitora da graduação da USP e autora do trabalho "Pedagogia e Pedagogos: Caminhos e Perspectivas".

Outra incongruência que ela cita é o fato de algumas escolas estarem cortando professores com cursos de pós-graduação. "Ter uma especialização traz mais chances de trabalho, mas, ao mesmo tempo, por também trazer salários maiores, muitos profissionais estão sendo cortados das escolas."

Para Noely Weffort de Almeida, que leciona história da educação e estrutura e funcionamento da educação básica no curso de pedagogia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, uma saída para as dificuldades do mercado de trabalho é "perceber que o trabalho não está só na sala de aula". "Ensinamento para idosos, por exemplo, é uma área que está crescendo bastante."

Um mito, segundo a pedagoga Silvia, é achar que ser pedagogo é ensinar as quatro operações matemáticas e a ler e a escrever. "Ser pedagogo é tão legítimo quanto ensinar um estudante de qualquer idade. O pedagogo dá a base que o aluno vai usar por toda a vida.

"Fonte: LUISA ALCANTARA E SILVA da Folha de S.Paulo - 31/10/2007 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Lista de Filmes - 3ºEM


Lista de Filmes para 3ºEM:

1ª Guerra Mundial: Feliz Natal, FlyBoys, Glória Feita de Sangue, O Barão Vermelho
Sinopse Feliz Natal: Primeira guerra mundial dezembro de 1914, Natal, nas trincheiras soldados franceses, alemães e escoceses tem um momento de trégua e compartilham paz e amizade.

Revolução Russa: Anastácia, REDS, Dr. Jivago
Sinopse REDS: O filme retrata a vida do jornalista norte-americano John Reed, desde a época em que era repórter do periódico socialista The Masses no início do século XX, até a fundação do Partido Comunista dos Estados Unidos. Sua vida conjugal com Louise Bryant, também merece destaque especial na primeira parte do filme. O filme prossegue, mostrando a participação de John na Revolução Russa em 1917, seus contatos com importantes lideranças e as divergências internas que já aparecem no movimento comunista da União Soviética. Dessa participação John realizou a mais famosa cobertura jornalística da revolução, imortalizada no livro Os dez dias que abalaram o mundo, um clássico sobre a história da Revolução Bolchevique, altamente elogiado por Lenin. 

Crise de 1929: Rosa Púrpura do Cairo, As Vinhas da Ira
Sinopse As Vinhas da Ira: Relata a história de uma família pobre do estado de Oklahoma, que durante a Grande Depressão de 1929 se vê obrigada a abandonar as terras que ocupava havia décadas, em regime de meeiros, devido à chegada do progresso, traduzido pela compra de tractores e máquinas pelos donos dessas, e de um novo regime de propriedade. Este factor tornou obsoleto o trabalho manual de aragem e plantio da terra, e forçou-os a rumar em direção à Califórnia.

Nazifascismo: A Onda, A Lista de Schindler, Arquitetura da Destruição
Sinopse A Onda: Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema “força pela disciplina” e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. Baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


FILOSOFIA

O MITO DE PANDORA


Prometeu, deus cujo nome em grego significa "aquele que vê o futuro", doou aos homens o fogo e as técnicas para acendê-lo e mantê-lo. Zeus, o soberano dos deuses, se enfureceu com esse ato, porque o segredo do fogo deveria ser mantido entre os deuses. Por isso, ordenou a Hefesto [1], que criasse uma mulher que fosse perfeita, e que a apresentasse à assembléia dos deuses. Atena, a deusa da sabedoria e da guerra, vestiu essa mulher com uma roupa branquíssima e adornou-­lhe a cabeça com uma guirlanda de flores, montada sobre uma coroa de ouro. Hefesto a conduziu pessoalmente   aos deuses, e todos ficaram admirados; cada um lhe deu um dom particular:
Atena lhe ensinou as artes que convêm ao seu sexo, como a arte de tecer;
Afrodite lhe deu o encanto, que despertaria o desejo dos homens;
As Cárites, deusas da beleza, e a deusa da persuasão ornaram seu pescoço com colares de ouro;
Hermes, o mensageiro dos deuses, lhe concedeu a capacidade de falar, juntamente com a arte de seduzir os corações por meio de discursos insinuantes.
Depois que todos os deuses lhe deram seus presentes, ela recebeu o nome de Pandora, que em grego quer dizer "todos os dons".
Finalmente, Zeus lhe entregou uma caixa bem fechada, e ordenou que ela a levasse como presente a Prometeu. Entretanto, ele não quis receber nem Pandora, nem a caixa, e recomendou a seu irmão, Epimeteu, que também não aceitasse nada vindo de Zeus. Epimeteu, cujo nome significa "aquele que reflete tarde demais", ficou encantado com a beleza de Pandora e a tomou como esposa.
A caixa de Pandora foi então aberta e de lá escaparam a Senilidade, a Insanidade, a Doença, a Inveja, a Paixão, o Vício, a Praga, a Fome e todos os outros males, que se espalharam pelo mundo e tomaram miserável a existência dos homens a partir de então. Epimeteu tentou fechá-la, mas só restou dentro a Esperança, uma criatura alada que estava preste a voar, mas que ficou aprisionada na caixa [...] e é graças a ela que os homens conseguem enfrentar todos os males e não desistem de viver.
NOTAS:
[1] deus do fogo e das habilidades técnicas
___________
FONTE: (CHALITAVivendo a filosofia, 2004, p.26).

Ritos de passagem- a dificuldade de crescer!


SOCIOLOGIA

Texto interessante retirado da Revista Planeta de abril 2006.



RITOS DE PASSAGEM
Como é difícil virar adulto 
Parece que a cada dia fica mais difícil abandonar a infância e a adolescência e tornar-se adulto. Tão difícil que muitos jovens esticam a adolescência até os 30, 40 anos de idade,
com medo de sair do confortável ninho da casa dos pais para cair num mundo duro de enfrentar. Uma passagem realmente difícil, mas que se tornou ainda mais difícil com o desaparecimento dos ritos que exigiam grandes provações e garantiam uma transição firme e segura.
Por Maria Ignez Teixeira França
Foto: Paulo Whitaker
Nova identidade: No Alto Xingu, um jovem da etnia yawalapiti se submete a ritual de passagem onde sua pele é arranhada até sangrar com o uso de dentes de peixe
Leia também:• Sentido iniciático do rito de passagem
• Iniciação necessária
Para diminuir o estresse dos alunos que mudam de série, algumas escolas particulares da cidade de São Paulo começaram a adotar algumas medidas que chamaram de “ritos de passagem”. Na verdade, são alguns truques que ajudam os alunos num período de mudanças e transformações. Assim, para quem irá passar de uma escola pequena para um grande prédio, são oferecidas uma série de visitas, especialmente na hora do recreio, que antecipam a convivência com os futuros colegas mais velhos. Ou então, para quem está acostumado com todas as matérias dadas por um só professor, a idéia é introduzir mais um ou dois professores no final do semestre, evitando assim o “choque” de ter um professor para cada matéria. Essas e outras medidas, no entanto, não aliviarão o inevitável aumento de responsabilidades, assim como não amenizarão a descoberta de como é dura a vida. Mesmo assim, adolescentes e pré-adolescentes terão de enfrentar sozinhos, dali em diante, um mundo onde imperam a competição, a concorrência e as batalhas árduas para conquistar espaço no trabalho, na sociedade, na vida amorosa e até em família.
Tatuar-se corresponde à busca inconsciente de uma nova identidade
A necessidade de estabelecer mecanismos que ajudem a passagem da infância para a adolescência, e desta para a idade adulta, é tão velha quanto a existência do homem na Terra. Culturas de todo o mundo têm adotado, ao longo dos séculos, aquilo que os antropólogos chamam de “ritos de passagem”: rituais que acompanham as mudanças de lugar, idade, estado e posição na sociedade, de modo a reduzir as perturbações nocivas que tais mudanças podem ocasionar. Entre as centenas de exemplos, um dos mais intrigantes é o de uma cidade lacustre do Benin, onde os jovens mergulham no fundo do lago e dali só saem (dizem) depois de seis meses, com uma lágrima escarificada no canto de cada olho. Nesses seis meses são pranteados por seus familiares como se estivessem mortos, ao mesmo tempo em que passam a formar uma fraternidade com as divindades das águas, seus novos “pais”. Claro que nada disso é real, da mesma forma que não são reais os “causos” contados por esse nosso Brasil afora, tais como o do que boto rapta as moças bonitas e do mateiro que vira onça. Embora não fiquem submersos, os jovens vivem durante seis meses em algum lugar, onde são submetidos a provas violentas, dolorosas até, com uma única finalidade: crescer.
Atração pelo perigo
Rituais de iniciação de todos os tipos ainda existem de montão em todos os continentes: circuncisão nas sociedades da África Ocidental, seções de tatuagens nas sociedades da Indonésia, ritos de subincisão na Austrália e por aí vai. Só que atualmente nem todos os jovens parecem aceitar completamente tais ritos, mesmo nos cantos mais longínquos do planeta. É que muitos começam a pensar em seu futuro num mundo globalizado e preferem evitar os rituais que deixam marcas visíveis que os tornariam alvo de preconceitos ou de restrições.
As modernas sociedades não fornecem mais iniciações existenciais. O contato
com a natureza se dessacralizou, as viagens transformaram-se em turismo
http://www.terra.com.br/revistaplaneta/mat_403.htmde massa e perderam suas virtudes transformadoras, as provas físicas são meramente competitivas e não mais associadas ao desenvolvimento espiritual. A verdade é que hoje vivemos espremidos entre o tempo que nos parece passar depressa demais e um futuro incerto demais. E só um presente vivido intensamente pode fazer frente às intermináveis esperas de quem vive entre a puberdade e o fim da adolescência, uma faixa etária que pelo Estatuto da Criança e do Adolescente vai dos 12 aos 19 anos, embora dê sinais de que se inicie cada vez mais cedo e se prolongue até bem mais tarde.
Sem ritos de passagem, os jovens buscam substitutivos. Alguns se apegam às tradições da vida civil, cumprindo à risca os rituais típicos dos tempos de seus bisavós, tais como a seqüência noivado – casamento com o vestuário, a pompa e a circunstância de outrora. Outros tomam o rumo oposto e se arriscam em manifestações de selvageria, mergulhando na droga, na delinqüência ou no fundamentalismo religioso. Há quem fique nas pequenas transgressões, como dirigir sem ter carteira de habilitação ou colar nas provas. Mas a atração pelo perigo às vezes ultrapassa o limite da sensatez, como manter relações sexuais sem preservativos, arriscando-se a uma doença sexualmente transmissível ou uma gravidez precoce. Por imprudência, rebeldia ou vontade de ser adulto antes do tempo, aproximadamente 693.101 adolescentes se tornaram mães no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Na França calcula-se que dez mil garotas engravidem a cada ano, nos Estados Unidos o número chega a um milhão.
Aposta-se no risco, no frenesi de viver. Em alguns países europeus, jovens da periferia se reúnem nas noites de sábado e “se divertem” dirigindo numa rodovia, na contramão, pisando fundo no acelerador. No Brasil, os jovens de periferia “surfam” no alto dos vagões de trem ou na capota dos ônibus. Nos Estados Unidos, cerca de um milhão de adolescentes, por ano, vão para a escola armados.
O jogador Giovane exibe sua tatuagem. Ao centro, a médica Mamisa Chabula mostra o instrumento que utiliza para fazer essas circuncisões. E, à direita, meninos da etnia xhosa, na África do Sul, se preparam para um importante rito de passagem: a circuncisão.
Outra vertente é a dos jovens que concentram suas atenções no próprio corpo: tatuagens, piercings e outros sinais exteriores de ser parte de um grupo e de ter escolhido passar por uma dor iniciática. Mas, como essas marcas corporais dispensam a mediação de uma cerimônia e também não garantem nenhuma transformação interior do indivíduo, não refletem nada além delas mesmas. São meros adereços, permanecem no domínio da aparência, ao contrário do que acontecia há milhares de anos, quando a necessidade de marcar a pele tinha origem na submissão aos deuses, na resistência aos maus espíritos ou simplesmente na dignidade de ser um homem. O “artesanato” corporal atinge limites inimagináveis, como cortar a pele com lâmina de barbear ou cacos de vidro, fazer o possível para ficar com anorexia ou bulimia.
Sonhadores e realistas 
Para esses jovens, o próprio corpo não tem nenhum valor, principalmente valor mercantil, uma vez que o mundo do trabalho os recusa. Afinal, colocar-se em risco não tem mais nenhuma importância. Flertar com a morte ou chegar muito perto dela para nunca mais sentir medo ou então para provar um paradoxal desejo de viver.
Danças, transes, transas, vertigens, magia, jogos, cerimonias, cultos, exaltações… Todos nós temos, em nosso inconsciente coletivo, um desejo latente de festa anárquica, de bacanal, de transgressão do modelo cultural de nossas festas ocidentais, para nos soltarmos e delirarmos com os outros, numa espécie de embriaguez mística. A história nos ensina que a necessidade de euforia se situa estreitamente ligada ao desejo de religião. Mas, para quem vive no limite, qualquer meio vale para alcançar esse estado, até mesmo o ecstasy, o álcool e a maconha de fácil acesso. A cada dia aumenta o número de jovens (e os nem tão jovens) que fazem uso de drogas, tanto as “leves” – maconha, haxixe, ecstasy, até os tranqüilizantes e o álcool, legalmente aceitos pela sociedade – como as “pesadas”, dentre as quais a heroína e o crack.
Inicialmente chega-se à droga por curiosidade e por uma forma de insatisfação: a “realidade cotidiana” não se basta a si mesma, e a maneira na qual vivemos essa realidade não nos permite uma percepção dos sentidos. Porém, a utilização de um psicotrópico tem ao menos dois efeitos: a realidade cotidiana nos parecerá mais satisfatória e teremos a capacidade de elevar nosso nível de consciência a um nível que não era percebido ou compreendido, por um curto momento durante o qual nossa vida terá sentido, talvez algo não exprimível de maneira lógica, mas apercebido como convincente por estar associado a sensações intensas.
Entre nós, o fato de usar alguma substância por compensação, por que a vida não é satisfatória, coloca em evidência a primeira droga dentre todas: o sonho. O que fazemos diante de um cotidiano insatisfatório? Desde a infância, existem dois tipos de comportamento: de um lado, aqueles que preferem agir e transformar esse cotidiano fazendo esforços; de outro, os que sonham com um outro cotidiano, mas que preferem ali se refugiar inteiramente, esquecendo-se de uma realidade muito dura, onde são dominados, impotentes, infelizes.
Limões na pele: À esq., na Malásia um hindu pratica ritual de purificação costurando limões na pele. Ao centro, o grupo teatral Alquimia dos Sonhos, de Brasília, encena peça sobre uso de drogas entre os jovens. À direita, também em Brasília, jovens desmaiam numa boate de tanto beber. Uso de álcool e drogas pode esconder a falta de ritoas de passagem.
Aliás, mesmo aqueles que fazem esforços para transformar o mundo têm necessidade do sonho – ele funciona como um esboço do projeto que tentarão materializar. Esses talvez conheçam a materialização de seu sonho, e com certeza a alegria da prática e do esforço. Os outros, os que não agem, encontrarão também uma forma de gratificação na compensação interior que leva a um universo de sonhos. Mas, chegará a hora em que esse sonho não será tão forte, abrindo espaço para o uso das drogas. Algumas têm a propriedade de fazer os sonhos mais consistentes, mais intensos, mais reais do que eles são, levando o sonhador insatisfeito a aumentar suas doses.
São maiores, portanto, os riscos que correm os jovens nesses momentos verdadeiramente iniciáticos, em que procuram converter o sonho em realidade. Se o adolescente de hoje – que não está enquadrado em nenhum ritual de passagem e que sofre com o esforço de compreender o que se passa com ele – tomar alguma substância alucinógena, vai vivenciar alguma coisa duplamente xamânica. Essa substância, que tem o poder de intensificar seu sonho e de lhe dar uma realidade interior por algum tempo, faz com que ele questione os mecanismos de crença no mundo. Se isso acontece muito cedo, esse questionamento pode desmotivar completamente o indivíduo, que não se esforçará mais: ao verificar como os adultos se comportam e têm objetivos fúteis, se desmotivará a ponto de rejeitar completamente o sistema ao qual ele está sendo estimulado a adentrar.
O que há para ler: Nascer não basta – Iniciação e toxicodependênciaLuigi Zoja - Axis Mundi Editora Três
Sentido iniciático do rito de passagem
Galinha viva: Em Jerusalém, durante o Yom Kippur, judeus ultraortodoxos se "purificam" com o auxílio de uma galinha viva. Segundo a crença, ao passar sobre suas cabeças o animal "absorve" os seus pecados. Chamado kaparot, esse ritual é idêntico a um outro praticado por tradições africanas e afor-brasileiras, como o candomblé
Chamam-se ritos de passagem as cerimônias que marcam a passagem de um indivíduo ou grupo de uma fase ou ciclo de vida para outro. Desde o início dos tempos históricos, sabe-se que todas as culturas e civilizações criaram seus próprios ritos de passagem. São exemplos de ritos de passagem o batismo e a primeira comunhão dos católicos e o bar mitzvah dos judeus. Rituais como esses ainda são praticados, mas o profundo sentido iniciático que eles encerram perdeu-se quase completamente.
Esses ritos servem para solenizar certos momentos da vida humana, como nascimento, casamento e morte. Provavelmente, porém, sua maior função é ajudar os jovens a superar a crise psicológica que freqüentemente acompanha a mudança de uma idade para outra – da infância para a adolescência e desta para a idade adulta.
Certas correntes da moderna psicologia consideram que a quase total ausência de ritos de passagem na sociedade contemporânea é uma das principais causas do grande número de casos de jovens despreparados preparados para as dificuldades da vida adulta, inadaptados à dura realidade do mundo e que, por essa razão, preferem existir como eternas crianças ou adolescentes.
Iniciação necessária
Segundo o jornalista Fabrice Hervieu-Wane, que foi consultor para o Unicef na África, autor de diversos artigos sobre educação e do livro Une boussole pour la vie Les nouveaux rites de passage (Ed. Albin Michel), “se quisermos que as novas gerações vivam em um mundo pleno de sentido, precisamos inventar novas provas para aprender a transformar o suor e as lágrimas em força de vida”.
Do ponto de vista iniciático, não existe crescimento sem crise. Diante de uma crise, podemos nos comportar apenas de duas maneiras: enfrentá-la ou ser vítima. Se não aprendemos a gerenciar a crise, precisamos passar por ela. E, através de nosso comportamento, iremos gerar crises de que temos necessidades para crescer.
Se todos concordam que é hora de rever e reabilitar os ritos de passagem que ajudariam os jovens a crescer, é hora também de arregaçar as mangas e promover um debate multidisciplinar capaz de orientar e iluminar um caminho para a criação de novos ritos. Sem nostalgia. Nosso mundo tem necessidade de ritos modernos e positivos, de cerimônias reposicionadas, originais e entusiásticas, de reencontros profundos com a morte e o renascimento simbólicos.
http://www.terra.com.br/revistaplaneta/mat_403.htm